3 de novembro de 2010
Dona Dilma
Dona Dilma,
Desde que a senhora venceu as eleições, a apresentação da presidente a nós, seres comuns do dia a dia,vem me deixando esquisita, "um ruim" de desconforto que vou tentar explicar. Me desculpe o atrevimento.
É natural numa peleja como essa que o vencedor seja exposto até as entranhas, mas, este auê hollywoodiano em torno da corajosa e contrastante trajetória de uma mulher que virou presidente do Brasil está carregada de tons fortes, dramáticos; Sabemos que a falta de equilibrio nas cores inquieta, enjoa,e temo que isso aconteça com um povo esperançoso e confiante na mulher que elegeu. Isso eu não quero,torço pelo Brasil.Estão vendendo sua imagem apenas pelo lado "diferente ", uma mistura de Mulher Maravilha e Anita Garibaldi do século XXI, como quisessem dizer:- Ela venceu mas, claro,viram a vida dela? Estão passando aos brasileiros e ao mundo muito mais a ex guerrilheira que deu certo,a torturada dos porões da ditadura,a obstinada que venceu um cancer linfático e deu a volta por cima,que a mulher inteligente , enérgica e culta , que certamente a senhora é, pois venceu também por seu valor, nenhum acontecimento é unilateral. O companheiro Lula não conseguiria fazê-la presidente se a senhora não tivesse luz própria - ele não me parece bobo. Nem mesmo por uma boa estratégia política.Talvez o que esteja me inquietando seja a sensação de estarem jogando sistematicamente sua trajetória - repito, valorosa -na nossa cara, para justificar o fato da senhora ser uma mulher.
Dona Dilma, faça-os parar logo com isso. Cá entre nós, a inveja é uma merda e eu pessoalmente nunca ví um homem público conviver bem ,genuinamente, com a constatação de que uma mulher poderá ser melhor que ele.A senhora tem experiência de vida, cultura ( já não era sem tempo, meu Deus!), e os diferenciais : sensibilidade e intuição. Cuidado:é indigesto demais para o estômago delicado de um político.
Finalmente me desculpe o tratamento informal.É assim que, respeitosamente, trato senhoras as quais não tenho intimidade, ainda, acho difícil de um dia para o outro chamá-la presidente.Certamente isto brotará dentro de mim de forma espontânea e a medida que meu espírito for se acalmando .Espero sinceramente substituir meu "pé atrás" partidário por uma grande admiração. Espero ter a sensação gostosa e até infantil de orgulho,como já aconteceu tempos atrás quando eu me referia ao Presidente da República.
Espero que a senhora sobreviva ao poder.
Boa sorte, Dona Dilma.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
8 comentários:
Sábia reflexão! Também torço pra que ela saiba manter sua dignidade (e nos levar nesse processo). Beijo!
Oi Cristinete.
Acho que se repete com Dilma o que aconteceu com Lula, quando enfatizaram até não mais poder a sua condição de retirante e pau de arara, aparentemente uma manifestação elogiosa às oportunidades de ascensão proporcionadas pela democracia tunpiniquim, mas subliminarmente uma tentativa de desqualificação (a direita é ardilosa...).
Acredito que a presidente Dilma vai supreender positivamente. Basta observar as suas declarações iniciais. De tola ela não tem nada. Quem viver, verá.
Beijos vermelhos estrelados.
(PS: os comentários na página inicial estão ilegíveis. Talvez seja o caso de mudar a cor para um "tom forte, dramático").
Que bonitinho!
hehehehehe
beijo, querida, saudade docê.
Realmente o sistema não aguenta que uma mulher normal e comum possa vencer uma eleição para Presidente da República.Ela "tem" que ter um diferencial fora do usual.Ter sido guerrilheira e torturada,por exemplo.Usam isso como currículo,sem dar importância à competência para o cargo.E isto,espero que ela tenha,ainda que eu não tenha votado nela nem no Serra.
Só me resta aguardar.
bjocassss
Belo texto, Cris. Também torço por isso!
Concordo com a "Luz própria' que atribuíste a Dilma: sensato! Sempre detestei essa coisa de "marionete do Lula"! Acho ainda que nossa presidenta tem todas as condições de ir ainda mais longe que o Lula foi, dado o seu comportamento um tanto avesso aos holofotes e ao sensacionalismo, dos quais Lula parece ter-se tornado uma vítima em potencial... Mas admirável o seu texto: adiciono que todo este "oba-oba" quanto à "mulher guerreira" vem sendo desempenhado como uma 'mea culpa' da imprensa e da baixa internet, que tanto espinafrou nossa mandatária-mor durante a campanha...
É mesmo preciso fugir dos holofotes, não lembram do que fizeram com o Collor? Primeiro o endeusaram,pra depois destruir. Ele mereceu, mas Dona Dilma ainda não se sabe. Meu beijo.
nesses quatro anos ela conseguirá desmitificar muita coisa. E acredito também que, em definitivo, ficará nitido e claro que machismo é coisa de mulher.
Beijão =)
Postar um comentário