23 de julho de 2008

Filho não é amigo

Imagem publicada na Revista Pais e Filhos de Dezembro de 2007 e retirada daquí.

Ao contrário do que possa parecer, esse não é um texto triste nem amargurado. É tão somente um texto de amor. Incondicional.

Minha geração abriu picadas na mata. Muitas ,como eu ,criaram os filhos sem ajuda dos avós maternos ou do ex marido. Às vezes faltava dinheiro. Sempre sobrou amor.
Para esses filhos nos mostramos nuas e cruas , exteriorizamos sofrimentos , exercitamos o diálogo , nos permitimos mostra-lhes o lado humano da mulher e as inseguranças da menina-mãe . Aprendemos a educar mais com o raciocínio e sentimento , menos com teoria e palmadas .
Geração primeira em tratar o filho como seu igual : valorizando suas opiniões, temendo suas críticas , esperando suas validações . Desbravamos um jovem que parece ter nascido plugado num computador cósmico e linkado num futuro virtual... com a seriedade de um passado recente. Aprendemos a separar - na porrada - o que já é distinto por natureza e hierarquia : nossos problemas pessoais e amorosos dos deles. Apesar de companheiros , tivemos que exorcizar nossos demônios passionais sem a ajuda desses anjos rebentos , sem fazer deles amigos e confidentes - ou não seríamos mães de verdade. Porque falta-lhes estrutura. Falta-lhes estrada. A via é de mão única. O ombro tem que ser dado por nós , a hora é deles . A vida agradece. Eles também.

Ontem , depois de um dia especialmente difícil , eu e meu filho nos encontramos para jantar. Nunca falamos tanto em silêncio. Longos olhares e sorrisos de total cumplicidade, afagos no rosto e nas mãos vez ou outra. Em determinado momento uma lágrima encaixou-se no canto interno do meu olho, ficando lá, teimosa, até o abraço da despedida , quando então rolou, liberta , grossa, discreta,imperceptível.

Era tudo o que eu mais precisava. Libertar essa lágrima.

Ósculos maternos , galera.

44 comentários:

CAntonio disse...

Essa Cris...

Ler o seu post ouvindo "Desesperar Jamais..." foi um momento para reflexão; positiva é claro.

Tenho visto muitas mães e pais que tratam seus filhos como amigões do peito. O efeito tem sido devastador.

De repente, o amigão do peito, que mal saiu do peito da mãe, dá pitacos no comportamento dos pais, dita regras, vira um despótico reizinho, que vira reizão...

Dar-lhes o apoio incondicional, significa também impor-lhes limites.

Gostei do tema, gostei dos personagens, gostei da música de fundo, babei ora ora.

Bjusmil

Anônimo disse...

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Eu li o comentário que você fez na página de um certo palhaço e fiquei encantado com a perspicácia. Eu estive, por muito tempo, preocupado com o coração, a alma e o amor. Esquecia do corpo que enrugava e envelhecia. Daí o susto. Não só exaltei o físico, como despejei no sentimento. Creio que exacerbei, mas era, como você notou, o que eu pretendia.

Um beijo, se é que você pode recebê-lo.

silvioafonso


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Anônimo disse...

Vivemos um novo tempo. Nós e nossos filhos. Situação complicada, complicada...
Bj.

Cris disse...

CAntonio..

E eu babei no mimo, claro..

beijosdoismil

Cris disse...

Poeta, seresteiro...

Até onde sei , posso receber beijoS sim.
Já fui até o picadeiro , como gostas de nominar. Pensa: O equilíbrio das delícias é o éden dos extremos.

beijo

Cris disse...

Anônimo...

Situação complicada sim, nada que a natureza feminina não possa piorar...rsrsrsr

Beijos desconfiados

Anônimo disse...

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Adoraria poder falar das pessoas que, como você, criaram e educaram sem a ajuda do pai, mas com exemplos e cumplicidade os seus filhos. Eu dizia para os meus filhos que eu não era amigo deles e sim pai. Pai que sede um dos seus braços para salvar um dedo do seu filho. Eu criei os meus sem muito sacrifício por ser um provedor masculino, mas você, que certamente enfrentou preconceitos e outros tipos de barreiras, não se fez de rogada. Jogou os cabelos para trás e neles prendeu uma flor. Apertou a faca entre os dentes, amarrou a saia entre as pernas e deu a cara aos tapas que a vida cansou de lhe dar, mas acabou curvou-se à mulher que você é. Eu imagino o orgulho desse filho e o prazer de vocês dois nesse jantar. Ele honrado com o seu suporte e você, doce e bonita lambendo a cria enquanto a lágrima não vinha.
Parabéns à "mulher macho" sim senhor. A estas brasileiras que não têm medo de careta. E que o trapézio seja estendido porque elas darão os seus carpados duplos ou os seus tuístes simples, mas sem rede e sem medo.


silvioafonso



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Anônimo disse...

Cris, falar de filhos é sempre um bom tema, mas eu tenho me esquivado dele nos últimos tempos por exclusiva dificuldade de conter minhas lágrimas. Minha querida, o meu momento é dífícil. Entendo perfeitamente o pensamento da minha filha, é uma personalidade muito forte ali. Mas não posso admitir uma situação que está me "quebrando", o fato dela estar vivendo um recolhimento que não me permite vê-la. Dói demais.

dade amorim disse...

Qustões de mãe e filho são sempre um pouco mais difíceis do que se imagina, olhando de fora. Não é fácil. Pra começar,como você diz, filho não é amigo: é filho. Outra categoria, um amor de duas caras que tem que fechar entre generosidade de um lado e dependência do outro (uma dependência que compete ao lado mais vivido ir transformando em autonomia sem destruir o laço que deve durar toda vida. Tem que ter tudo muito claro na cabeça, e aí às vezes a vida atrapalha. Mas você seguiu o rumo certo, pelo jeito. Taí esse encontro pra confirmar.
Brigadinha pelo café, tava muito bom.
Beijo beijo.

Cris disse...

Poeta Afonso...

O poema ácima estará guardado no mealheiro cá do peito, ok? Obrigada.

Bj

Cris disse...

Ery..
Falamos noutra via...

Bj

Cris disse...

Adelaide..

O café estará sempre aberto pra você ( as vêzes é requentado pela falta de tempo ).

beijo querida.

Anônimo disse...

não sei o que comentar, por isso prefiro não comentar...
só adorei o texto e fiquei sem palavras!
Bj
Helô

Lola disse...

Oi, linda,
Recebi seu recado e respondi lá, como você faz! :)

Amei este texto, sou mãe de um adolescente e achei muito lindo...

É difícil, mas, não trocaria por nada...

Beijo, "enorme de grande".

http://graceolsson.com/blog disse...

Cris,

a aproximaçãoentre mime meus ex-maridos se deu apenas quando os filhos já estavam crescidos. E vivendo com o pai que a vida deu a eles.
Eu os criei praticamente sozinha e nunca tive ninguém para ajudar em nada.Foi uma luta tremenda, e, talvez, por isso, eu seja ametamorfose que sou. CAIO, TOMBO MAS TERMINO POR LEVANTAR.
BEIJOS E DIAS FELIZES
OBRIGSADA PELA SUA AMIZADE

Cris disse...

Nobre gafanhota Helô...

Que bom que vc gostou. Tua geração é a mesma do meu filho, a maior vítima da amizade materna.

beijão.

PS..Tá certinho.Quando não se sabe o que comentar é melhor preferir não comentar, como diz o sábio filósofo-Emo Guilherme.

Cris disse...

Lola ...

Ser mãe de um adolescente nesses tempos é uma arte . Ainda bem que já passei porisso.

Beijo, querida.

Cris disse...

Oi, Grace...

Quer aprendizado maior? Cair e levantar? Te valorizo muito porisso também.

Beijo e digo o mesmo da tua amizade, linda.

Edu disse...

Num intindi, linda! Que é que não tá funcionando? RSS?

Anônimo disse...

Acho que sarou, Dú..Ontem clicava na Crisete e não vinha pra cá.. COisas do além...tumbalo!

beijos duplos

Jonice disse...

:)


Beijos and kisses

Cris disse...

Joquitaaa!!!!

Não gostei do novo formato -sumida, não. Estou mal acostumada.

beijocas, Joca

jorginho da hora disse...

Alô, alô, Cris, achei interessante tudo isso que vc escreveu porque mostra que é possivel criar filhos sem metodos conservadores e se sair bem. Parabes!
Obrigado pela última visita! Valeu! Ultimamente ando muitissimo ocupado e por isso não estou podendo aparecer com tanta frequencia, mas não se preocupe, sempre volto ao local do crime.

Um abraço!

Anônimo disse...

Deus te "onça" , Jorgito...

Trabalhe mess que fama não cai do céu .Quero te ver chique no urtimo no meio dos famosos...

Beijão, lindo.

Esquadros disse...

Oi Cris

Meu Deus que descrição mais graciosa de uma mamãe tão dedicada...prosa linda!!!!

Beijos

Jana disse...

concordo com vc, temos que ser companheiros, ma amigos, é uma carga muito pesada para eles carregarem

beijos

Anônimo disse...

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Pai, neta, filho, avó, filha, neto, filho, avô e o ciclo da vida segue a sua trajetória. Eu fui neto, serei avô depois de pai, mas aqueles de quem sou filho sabem que nenhum de nós é propriedade de alguém. Somos, apenas, cumpridores de etapas. Somos peças de reposição. Não queria que chorassem quando aos meus eu disser adeus, mas certamente, morrerei um pouco tão logo me deixarem sozinho nesta esfera terrestre que aos poucos também morre. Todos os provedores lutam para dar a melhor educação aos seus e encaminhá-los a um futuro promissor e sem cansaço, mas o arquiteto na construção de sua obra tem necessidade do trabalhador que ponha a mão na massa e nas suas costas leve o material pesado à fundação. Quanto não receberia de salário um doutor se todos os operários de uma construção tivesse o diploma de bacharel, quanto? O meu filho será gari, feirante ou levará os enfermos em sua maca às salas de cirurgia sim senhor, mas com muita honra e dignidade. Todos somos, porque os outros foram assim e é desta forma que o mundo se mantém girando e deixando doido àqueles que pensam diferente.

silvioafonso


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Cris disse...

Poetagatoepalhaço...

Que gire então o mundo e seus doidos, que eu mantenho minha lucidez perturbada . Hoje é dia de noite feliz, dia de noite cantante, quando solto os cabelos -mas mantenho a flor no elástico - e vou para o palco.

Adoro karaokê.

Beijão e bom fim de semana.

CAntonio disse...

Então....


Bom Karaokê e muita pizza; como as do Bixiga.


Bjusmil

Mamãe de primeira viagem disse...

bom, não entendo muito de maternidade, ainda....
mas achei seu texto maravilhoso......
beijos

Anônimo disse...

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Eu adoraria ter a coragem de dividir as minhas tristezas. Gostaria de chorar no ombro de um amigo e que ele secasse o meu pranto e me fizesse, no seu colo, adormecer. Eu queria tanto ser sim, como você diz que é. Reclamar da vida, ouvir conselhos que me pusessem de pé e erguessem o meu queixo, me fizessem agradecido. Eu talvez não saiba ou não queira, sei lá. Quem sabe eu faço parte dos que só pensam dividir a alegria e a esperança dos dias melhores e que busquem a cada instante uma nova razão para ser feliz? Mas se as minhas crises não são resolvidas, eu me calo, me recolho como um caracol para chorar dentro de casa todas as minhas dores e desventuras. Eu preciso fazer parte da alegria, do sorriso e gargalhar sempre que possível.

silvioafonso




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Cris disse...

CAntonio..

Interior com pizza igual a do Bixiga? É ruim, hein, lindo?

beijo, querido.

Cris disse...

Cacá, lindinha..

Tem tempo , né não?
Não tens experiência como mãe mas tens como filha ( segredo: poderá não mudar muito, sabia? não espalha!)

beijo, linda.

Cris disse...

Ai, poeta, relaxa... me fazer pensar num sábado à noite depois de uma sexta etílica? Tem dó...
Mas olha: cada qual , cada um , sabe como? Tenho meus dias de caracol também, pouquíssimos, mas tenho.

beijos.

Unknown disse...

Olá, Cris! Só conheço o lado do filho. Não sei o lado da mãe / pai. Entretanto, ser tratado como igual, com mais ou menos ou iguais expectativas diante de tudo e da ânsia de viver também me parece ser a melhor situação diante do entendimento que relação de mãe e filho, mesmo única e de amor incondicional também se transforma com o tempo. Bjos.

Anônimo disse...

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Eu queria sair, passear com os amigos, ir a uma festa, dançar ou quem sabe, namorar a moça mais bonita do baile. Adoraria ir ao teatro ou ao cinema. Comer pipoca sentado na primeira fila e morrer de rir com as piadas ou chorar dos contos comoventes. Mas não farei isso, não sairei neste fim de semana. Preciso descansar do meu trabalho e acreditar nos elogios que recebo e como o bobo que sou, não sei agradecer.

silvioafonso



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Cris disse...

Rico..

Você é meu pleonasmo preferido.

Falas com maturidade. E ela ´na maiori das vezes chega tarde.

beijão, querido.

Cris disse...

Então, poeta, quando der tempo e disposição namore a moça do teatro, não a do baile - ingênua demais - nem a do cinema - muito distante . É apenas intuição.
E acredite sim nos elogios , mas só aqueles que a vaidade não te permite escutar.

Beijo e Boa semana.

Anônimo disse...

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Eu conheço essa atriz de todos os lados e de todas as formas. Li o seu currículo, soube da sua vida e adivinhei a sua história. A sua beleza é guardada no camarim aonde repousa os seus sonhos e esquece a sua alma, mas a graça e a inteligência da representação é oferecida a quem se presta aos seus pés, no gargarejo. Para mim ela é mais que uma deusa, uma santa, mesmo que de mim ela só conheça o bom gosto, o aplauso e as flores.

silvioafonso


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Cris disse...

Poeta...

Fique à vontade ,grite , somos pelo amor...

Boa semana

Anônimo disse...

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Quero ficar aqui, neste canto escuro, porque eu sei que ninguém pensará em me procurar neste lugar. Quero ficar sozinho e repensar a vida. Preciso chorar todas as minhas tristezas para me ver melhor e poder sorrir lá fora.
Ninguém gostaria de encontrar um palhaço com uma lágrima tão próxima dos seu olhos, principalmente se esse alguém não for maior que uma criança. A criança não se mede pela idade, mas pelo seu estado de espírito e o estado do meu, neste momento, tem o tempo dos bebês. Preciso, não por isso, mas também por isto, chorar até dormir. Quando acordar, não apagarei a luz, mas fecharei a porta e esconderei a chave no lugar de sempre; um texto depois do último que você postar.

silvioafonso




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Anônimo disse...

rsrsr..tá bom, poeta, faça o que achar melhor.Fique o quanto quiser, sabendo que as emoções aquí são genuínas, ou seja, com uma ponta de melancolia (as vêzes). Não sei se isso é bom para um palhaço que quer apenas sonhar e ter fé, como confessaste.

Beijo.

Tânia Defensora disse...

Oi Cris!
Você tem razão: filho não é amigo.
A gente que é mãe tem que ter muito cuidado para manter a intimidade com o filho e ao mesmo tempo não deixar de ter autoridade/responsabilidade sobre ele.
Acho que o exemplo(bom) é o que comanda as atitudes dele.
Beijo grande

Cris disse...

Certinho, doutora...

Temos a hora certa de ter a idade deles, quem perdeu o bonde, dançou, eles não têm culpa ( e não aguentam rsrsr )

Beijão.